O meu querer
Tens medo do que sinto e do que desejo?
Tens medo do querer que quero?
O que mais posso desejar e querer que não seja isso?
Assim como as plantas desejam água e luz,
Como os animais desejam carne e sangue,
Como as abelhas o néctar e o mel,
Eis que a mim não somente a cópula,
Mas o principal: o sentimento.
Ah! Se eu pudesse dizer a razão simplesmente “não”,
Abandonaria meu corpo e me tornaria um anjo.
Mas antes sinto como que desejo, como que quero,
Como as plantas a água, e o animal a carne.
Que medo posso ter eu disso, se meu corpo quer...
Quer ele o sangue nas veias e o coração pulsando.
Antes o homem não quer apenas corpo, mas sentir.
Sinta-se privilegiada pelo meu querer e desejar,
Pois muitos ignoraram a tamanha natureza,
E serás para eles apenas troco sem raiz, flor e fruto.
Enquanto eles desejam e sentem o mesmo fora a ti.
Salve! Salve! Oh desejo maldito e revelado,
Eis para mim fonte e luz, liberdade e vontade.
Não existe reciprocidade, apenas desejo e querer,
Não se pode pedir à flor que voe, nem que a água crie raiz,
Mas juntos se firmam inseparavelmente no desejo.
Não serás tu que tens medo do desejo do querer?
Queres isto de mim ou isso para ti mesma?
Vem... e se perca no mar de Krishna,
Deixa que a alma do mundo te banhe e guie,
Sejas tu tanto teu desejo, quanto tua vontade.