Cafeteria
" A moça do café... só se agita entre mesas e cadeiras...transportando com mestria e rapidez, as xícaras de café fumegantes e os doces engordantes. Endereçando-se aos impacientes fregueses, refastelados em suas cadeiras e igualmente agitados, pela pressa em sorver o café e engolir as guloseimas.
O bom humor acompanha o agitado bailado do corpo da garçonete, entre o alarido dos pedidos e resmungos reclamantes, às vezes acompanhados por exaltadas queixas e até algumas pragas e maldições.
Alheio a tudo, sinto o odor do café gostoso que compensa a espera. Por café sou louco. Confesso, porém que pela atmosfera da cafeteria, agitada pelo bailar da garçonete e o grasnar das vozes dos clientes, muitas vezes impacientes, sinto-me apanhado.
É impossível desejar que este seja um insilencioso lugar, perfeito para observar o modo do ser humano de ser. Algo tão curioso... como um local aparentemente banal, regrado à café e doces, pode servir de visor das coisas do ser do humano. Os humores. Os terrores. Os dissabores. Até os amores. Algo se desvela entre um café e outro que desce pela goela. Através de uma fala e ação. Um simples modo de olhar e expressão, cercado que estamos por doces, sorvetes e café. E a moça que serve não para. Continua a bailar no salão do café.