EU SEI

Eu sei, deveria fluir,
Evoluir um pouco mais calmo,
Traçar ponto a ponto, palmo a palmo,
O estreito caminho a seguir...

Eu sei, deveria contentar,
Com a brisa santa de cada dia,
Aceitar as coisas como são, parar,
De elaborar talvez, vãs utopias.

Eu sei, sou mais um rascunho de poeta,
Que passa pelo tempo despercebido,
Mais um nessa louca aleta,
Se encontrando em versos perdidos.

Eu sei, sou um visionário,
Solidário ao universo transcendente,
Fujo do comum, do dicionário,
Invento palavras, invento vertentes.

Eu sei, entre eu e mim mesmo,
Há estranhezas, de incertezas me cubro,
Mas, é na angústia do sem termo,
Que um poema explode rubro.

Eu sei, me vejo no espelho, não vejo a mim,
Vejo tantos seres em um só ser,
Vejo um menino cultivando um jardim,
Um menino que não quer crescer.

Eu sei, sou enigmaticamente assim,
E assim, me basta ser...


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SOU ASSIM

 Na angústia extrema que me toma,
que ninguém comanda, ninguém doma,
só eu sei cuidar de mim.

 Serei sempre um Peter Pan enrustido,
que vive em seu mundo escondido,
porque lhe apetece assim.

 Estranho? Talvez, mas não ligo.

 Vivo bem a sós, comigo.

(HLuna)