POEMA DOS URUBUS
No céu eu vejo um círculo de urubus
Decerto aqui não é o paraíso
Mas é o paraíso dos urubus
O céu humano é sem carniça
O odor da carne podre os inebria
Eles descem em notável turbilhão
Vem saciar-se sobre a fartura
Eis que a putrefação nunca cessa
O que era bicho, gente ou santo
Se vai destroçado pelos bicos aduncos
Na fedentina eles se regozijam
Pois a maldade vem de humanas mãos
Alguns dos urubus voam sem pressa
Parecem desdenhar do alimento
Brincam nas brisas térmicas que os sustentam
Melhor do que autênticos poetas
E eu que invejo tanta liberdade
Com meus pés e sonhos plantados no chão
Traço uma ode às asas poderosas
Na esplêndida tarde de um sábado antigo
Enviado por Jimii em 23/01/2010