Escrevo versos, assim não sou um asceta
Bebo a própria solidão que me rodeia
Não tenho soluções para coisa alguma,
Que queriam? Sou apenas um poeta

Viver é pesado, pra quem é feito de areia fina
O vento das manhas me desfaz todos os dias
Na realidade dura,
Que em mim se descortina

Deus porque me deste esta missão tão grande
Ao meu coração de amar a tudo e a todos
Se sabias que ele era frágil, insensato
Pequeno e confuso?

Debaixo de cada mistério que envolve meu ser
(Já desenganado)
Há uma tíbia certeza revelada

Como se todos as janelas abertas
Dessem para dentro de mim não para fora
Assim todos me vissem e me observassem

Vendo-me como sou, sem ruídos, sem brilho
Tão inútil, em meus versos
De mim se apiedassem

Porque sabem que sou o nada
Algo que se retrai no silencio, que se abstrai
Um ser diluído nas olheiras da tarde

Há muitos como eu, mas talvez 
Este pedaço de treva, que pousou em mim,
No relance dos anseios desatendidos
Seja único, posto que me é indecifrável

Assim, não me tragam filosofias, nem soluções
Pois é tarde e este ser que me habita
Não busca mais nada, nem crê nas respostas.
Celio Govedice
Enviado por Celio Govedice em 21/09/2013
Reeditado em 27/08/2016
Código do texto: T4491311
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