Os Sentidos

Quantas vezes me calo

Quando devo falar

Tantas vezes o que falo

É o que deveria calar...

E nessa confusa dúvida

Entre falar ou calar

Passo a viver em eterna dívida

Com o meu ser... Com o que de mais profundo há...

Substitui o sentido da fala

Pelo sentido da visão

E essa às vezes me escancara

Coisas que maltratam o coração...

Mas se abrir mão de enxergar

O que me sobrará?

Passar pelo mundo a vagar

Num frenético tatear...

Ou quem sabe apurar o olfato

Para ver se me mantenho atenta ao fato...

E se nada disso resolver

Restará ainda escutar,

Coisas que talvez não queira saber,

Mas que me obrigarão voltar a falar...