GENTE QUE NÃO É GENTE

Gente que perde tempo olhando no horizonte dos passos alheios, que percorre caminhos perdidos de passos vazios, gente que olha pro teto cinza do escritório e projeta sonhos numerados, acasos e gastos, flores de plastico, beijos amargos, sorrisos falsos, poemas amassados. Gente que se atira num copo e mergulha na tristeza, daquilo que não viveu por incertezas, por borrões e falta de perdões, esqueceu-se nas razões, não viveu suas paixões. Gente que arde como pimenta, que se queima mas não incendeia. Gente vidro que se quebra, que se joga pro alto, que cai do salto, que não da salto e por isso sonha baixo. Gente que não se ama, que não ama, que reclama, mas não chama por que não tem nada pra dar em cima da cama. Gente infeliz, que inveja o feliz, que empina o nariz, emburrada que não diz que esta é assim por que quis. Gente que não vive, que não rega flores, que do perfume só senti os fedores, por que anda onde só tem roedores. As dores que ficam registradas nas atas das noites claras, são os gemidos sós que ecoam pela sala da casa cheia de nada.