Pequeno Ser

Sou raso realmente

Quando chove, nem o pingo me alcança

Espero cair sobre mim um tiro de gota

Para sentir retumbar a poça toda...

Na realidade sou superficial

E nunca saberei o que é rarefeito

Quando a ventania impulsiona meus movimentos

Deslizo sobre o vácuo e não vôo por mim mesmo

Quase não existo na real

Sobreponho formas frias aonde o sol não ilumina

Para todo sempre meu vulto desaparecerá

Sinto tão pouco a luz e onde eu toque, escureço

De fato sou atrativamente insignificante

Incrusto como imã o que posso lentamente distorcer

Despercebida, sou como uma breve brisa

A olho nu, sou densa com ferida

Posso ser – Pequeno ser

Uma poça d’água tão rasa quanto retumbante

Uma folha seca tão leve quanto esvoaçante

Uma sombra tão volúvel quanto marcante

Ou maresia corrosiva, tão lenta quanto penetrante...