Final de outubro

Num dia chuvoso, final de outubro,

Contemplo o mundo, e a água cair,

O mundo é um horizonte de possibilidades,

Onde quer que eu veja, lá estou:

Olho um casebre, de beira de estrada,

E vejo um guri, que brinca feliz, no chão.

Ou senão um cachorro, que se esconde,

e sabe que depois do clarão, vem o medo em pessoa.

Olho outra casa, essa no meio da cidade,

Lá vejo uma família, sentada na mesa,

aguardando o jantar, ou senão o luar,

quem sabe, o pai é um físico, e ensina seus filhos

sobre o sistema solar.

Olho um prédio, agora, e vejo

O senhor diretor, sentado e escrevendo

(como estou agora)

um relatório qualquer.

Vejo sua secretária, atendendo

o telefone, e tomando café,

enquanto pensa nos filhos

que estão na escola, aprendendo.

Sobre o polo sul, ou a superfície terrestre.

Num dia chuvoso, no fim de outubro,

contemplo o mundo, e o sol a se por.

O luar vem chegando, trazendo

Consigo, a noite e o frio

As nuvens que vão, dão lugar a estrelas:

Cada uma um pensamento,

Cada uma, um poema

Cada, e então qualquer uma,

Um devaneio de fim de outubro.