Na minha estação
O peso da minha mochila
é o peso de um futuro disperdiçado
uma promessa não cumprida
uma dívida não paga..
O presente é preenchido
por pressões e expectativas
de um futuro que não quero pertencer
o querer é a cela do pássaro que não aprendeu a voar
Prefiro muitas coisas
quero muitas coisas
excluo tantas outras
e sou excluído igualmente
O mundo é tão grande
as possibilidades, tão vastas
é como se eu pudesse fazer qualquer coisa
e eu quero fazer tantas
E ao mesmo tempo
as perspectivas de futuro são tão pequenas
as expectativas, tão limitadoras
as pressões, tão repressoras
e o mundo,
tão exclusório
Não é apenas sobre achar um caminho
é sobre achar um sentido
e se o sentido é nós que damos
ele só existe dentro de nós
Alguns,
nunca o acham
para estes
a vida passa como um grande ônibus sem direção
andando em velocidade mínima
onde tudo é constante e parado
Por dentro
vasculho os velhos porões
imagino o impossível
olho até debaixo da cama
sem saber como procurar
e nem o que vou encontrar
Mas por fora
continuo parado na minha estação
enquanto espero calmamente
o meu ônibus chegar.