Quinze em Quinze

Agente sabe que não vai durar

mas se você acabar encostado numa parede

com a cabeça entre os joelhos

e eu vertiginosa na cama

agente sabe que algo deu certo

e valeu

e terminaremos semana que vem

o que hoje

só ficou na promessa

e na ressaca

do que poderia ter sido

bom a beça

se tivesse acontecido...

Mas não foi,

preso no atraso

no amaço

do seu coração

e de ruas sem rumo

canções sem melodias

vidas inuteis

programadas para se encrencar

e encher a roupa de sangue

de brigas tolas e confusas

e adrenalina na cabeça

o ponto de fusão,

de razão...

percebo-me vivo!

percebo-me isto!

e nada mais me serve

nem o teu amor

nem o teu perdao

nem a tua caridade.

Somente a idade

que acumulo sobre os ombros

como um galho velho

que com o vento vai se inclinando

trintas anos feitos de papel

coração amassado

alma rasurada

chão sem fim que me afunda...

cigarro que me traga

tristeza que me embala

em canções que não ouvi.

Explicai-me óh Deus

minha doença cronica

minha chaga que não tem cura

minha solidão profunda

e as paginas do meu livro.

trinta anos de nada

sem perspectivas de futuro

brigas tolas sem motivo

pelo simples prazer da adrenalina

e o sangue quente na cara

a vida pulsando pura e

só poesia me alivia

nem mesmo o amor da carne

o calor do seio

a dança das pernas

Sem filhos e sem janelas

todo eu me consumo

em cancer maligno

que rasga pagina por pagina.

Não que alguma palavra fizesse sentido

sou um livro puido

na estante da vida

esperando que a areia da praia me leve

Pra longe....

Caroline Mello
Enviado por Caroline Mello em 09/01/2014
Reeditado em 09/01/2014
Código do texto: T4642861
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