A SOLIDÃO DO ERMITÃO

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“Solidão, eu e tu somos dois em um”.

(Santos e Pecadores)

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Eu sou um ermitão da montanha!

Ninguém me esfacela a dialética.

Apenas a solidão me acompanha.

Eu vivo bem na cidadela poética.

Só, eu habito em minha cabana.

Eu nunca saio desta montanha de versos.

Desisto da picuinha republicana.

Não me distraio da manha dos perversos...

Eu reflito numa riminha bacana.

Por enquanto,

prefiro ficar sozinho

a sair daqui.

Sem desencanto,

tiro do pé um espinho.

Insiro, com carinho,

parte do que eu já escrevi

pelo meu caminho.

Fiz arte, todavia sobrevivi.

Eu bem sei que já lutei,

pela causa morta...

Se perdi e/ou se ganhei,

nem me importa...

Eu nunca desisti: escalei,

sem uma hesitação, a montanha

e fiz minha meditação, na manha...

Gostei da opção, sem barganha,

e nenhuma reflexão me acanha...

Minha porção ninguém abocanha...

Eu nunca temo uma solidão tamanha,

e nem tremo com a reação estranha.

Insisto e desfruto do meu prazer.

Eu sou um ermitão da montanha!

Grito e escuto um eco responder:

Eu sou um ermitão da montanha!

Apenas a solidão me acompanha...

Paulo Marcelo Braga

Belém, 29/03/2007

(22 horas e 05 minutos).