Siamesa
Essa alma siamesa que sou
Atenta a tudo
Nos sonhos
Desprendo-me
Tudo me interessa
Cada som da minha fala
Entoações milimétricas
Das canções da minha mente
Dos dizeres que ouço
Mas não te escuto
Penso já ouvir-te
E nada colhi da sua conversa
Da minha parte e da parte dela
Foi o que disse muitas vezes
E muitas vezes respondeu
Desses meus olhos fotografo
O seu rosto despido e enrugado
Me diga que não lembras
Do meu semblante a te mirar?
Inclino meus olhos a te ouvir
Essa narrativa de não recordar o feito
Da distancia dessa alma
Siamesa não pegada!