A ambiguidade
a que me entrego
faz-me florescer,
volitar e ir além.
A ela dou-me
de olhos vendados,
sem escrúpulos,
sem suborno.
Não viola minha solidão,
não estupra-me,
não rouba-me a imaginação,
com ela não há escárnio...
Me brisa e água-me,
e quando não me sei
ela me acha,
quando a busco
ela não me escapa!
Com ela há intimidade
e meu gozo
escorre solto
amolece-me as pernas!
Por ela tenho orgasmos
múltiplos, e meus dedos,
são somente dela!
Num hiato uno o sentido,
à coisa-palavra,
à clave, à liberdade,
palavra-coisa
palavra-chave!
Fingimento talvez,
não! ambiguidade!...
ela me sabe, e eu?
aproprio-me dela!
à POESIA!
Ao som de Adele - Rolling In The Deep