ABANDONADO AMOR

Bem, então,

Adeus.

Ouço o girar da chave

Em sua porta, em seu quarto,

E soa tão pesado e sofrido.

Oh, enganou-me o palhaço

Que em mim habita,

O tive como engraçado,

Mas ele foi vil e sarcástico.

Oh, o que dizer de tudo isso,

Que carrego a cruz e os espinhos agora?

Meu santo protetor,

É a imagem de um pai

Que não me conhece,

E na hora q'eu mais preciso,

Ele desaparece.

Caminho ao lado d'uma lua

Pesarosa e branca,

A pesar da estrada opressora e escura,

Oh, meu coração diz que te ama.

A cidade com suas velozes luzes,

Não me notam chegar,

A lua em chamas ainda,

Então achei que a via,

Numa rua sozinha,

E em outra esquina,

E em todo lugar...

E o devaneio deruba-me,

Recordando...

Ah, como é divino,

Ver seu belo rosto

Sorrindo no espelho,

- Deixe eu ficar mais um pouco

Aqui no seu quarto,

Antes que a fria nuvem mágica,

Chegue e apague tudo.

Não reconheço ninguém,

Todos parecem usar disfarces,

Escondendo o que realmente são,

Mas eu não,

Não consigo esconder essa dor,

Não sei mudar o que sou.

- Andarei lado a lado das crianças

A recuperar minha inocência.

Eu poderia trilhar caminhos da liberdade,

Mas enquanto te amar,

Nunca voarei livre,

Oh, Deus quanto ainda,

Devo sofrer com essa recordação

Queimando em meus ossos?

Deixe-me te ver sorri,

Uma última vez antes de lhe perder

Por completo.

Deus, o amor, esse jogo,

Não entendi, não me adaptei,

O tesouro dessa ilusão,

Não encontrei,

Nunca encontrarei.

E da nossa última volta

Pelo luar,

Quando nos beijamos,

Inconsequente,

Disse-lhe que me esquecesse,

Que me excluisse de seus sonhos,

Que eu precisava mudar a mente,

Agora sofro,

Os escárnios dos deuses,

Porque ainda te amo,

Ainda te amo.

Numa meia-noite

De tempo sereno,

E vento ameno,

Deixe-me entrar,

Sentir seu amor uma última vez,

Antes de me abandonar.

Tomb
Enviado por Tomb em 25/04/2014
Código do texto: T4782764
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