O primeiro movimento
A planície deitava ventos num grande tabuleiro de xadrez
Os cavalos pardos e negros galopavam cortantes
Diante a minha face em descoberta
Era o novo em mim
Adentrei a primeira das finas camadas
Como um bicho faz uma casa comendo o caminho
Senti a primeira das intenções
Quando percebi, o início fora dado
Logo era um iniciado no branco
Do branco me fiz para sentir que
Era um jogo de emoções
E estava já na minha segunda nudez
Não se permitira bagagem dúbia, nem manchas de orgulho
Os movimentos estavam atrelados ao toque como a mente ao movimento
Alguns vinham como incógnitas ferinas
O que tornava ainda mais enigmático a proeza com que eram medidos
No entretempo um mundo me fora dado
Fui exposto
Não pude mais no momento instante desaparecer
Nem fingir uma ausência
Estava agora numa coisa, mas não dentro de tudo
Estar no interior da compreensão não era ainda,
Mas para quem aprendeu permitir-se errar e se perdoar
Agora muito agora venho entendendo
Que há aqueles de compreensão abaixo da segunda inspeção
Estes, embora raros, não se acovardaram para a vida
Mesmo em face de penar vivendo numa cultura sem cultura
Mas há um pequeno lugar para quem vive a vida
Compreendi que não fui para ganhar
E sim para perder o que em toda vida entendia por ganho
Absorvendo as luzes das faces,
O escuro dos fatos que delineia o silêncio... Entreguei-me...
E foi me dado o enleio na latência das coisas...