MITOLOGIA DA PREVENÇÃO

No agitado passivo acumulado,

Deuses, todos os Demônios,

torciam avidamente sem escrúpulos,

por uma desejada majestosa queda,

festa aberta em teu pobre vôo solo.

Para então, exporem satisfeitos,

tua inigualável caixa preta,

entupida de rotinas obsessivas,

que nem eles agüentavam.

Vislumbravam pedaços de ti,

em contínua espreita,

rolando serra abaixo,

para depois . . .

com alegres cantigas cósmicas,

procederem a dantesca colheita.

Seria demais,

desejarem tão espetacular epílogo?

Talvez tenham entendido

os tampões nos ouvidos,

impedindo-te escutar

os gritos mais que aflitos

monossílabos, dissílabos. . .etc

dos que berram todas as verdades.

A visão vendada,

arrasa, ocultando-te

o frenético contorcionismo,

dos que sofrem trágicamente

na urgência necessária da clemência.

A máscara da face,

cruel, lisa, sem emoção,

escaneando teu sorriso engessado,

mesmo enfrentando a peito aberto

o furioso caminho até ao olho de qualquer furacão.

Tua sialorréia eterna,

faze-te cuspir em todos

os pratos... prantos,

conseguindo corromper,

os segundos silenciosos,

cara a cara, de um aperto de mão.

Tua louca trajetória,

ilógica desmedida,

arquiteta trilhas bandidas,

remendos de assoreadas idéias

cegas, venais, sujas, irracionais,

nódoa globalizada muito articulada,

em carimbados conflitos, perversidades rubricadas.

Transmutastes perigos,

astutamente subtendidos,

em maquiavélicas linguagens,

verbalizadas, filmadas, escritas.

Estritas,

aos envergonhados aglomerados

favelas , palafitas, de condenados,

que ansiosamente espiam de soslaio,

entre vielas nas temerosas perigosas rinhas,

sina de serem lançados eternamente ao limbo.

Poderia sim!

Ser inveja de ti,

a raiva o carma,

que Deuses, Demônios,

tenham de fato se aliado.

Mete medo teu gélido desembaraço,

o ardiloso, o ícone, o perverso, o tocaio.

E Eles,

com o tempo,

poderiam perder nas estórias

as glórias,matizes, raízes,

mitos, lógica, luz folclórica,

própria de seus seculares laços, misteriosos espaços.

Alexandre Halfeld
Enviado por Alexandre Halfeld em 17/05/2007
Reeditado em 18/05/2007
Código do texto: T490467
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