SOU COMO UM RIO

Sou como um rio

Reajo ao desdobrar das estações

Sou ventre, sou alimento

Sou minha própria esperança,

Uma plataforma aberta

Que nasce pura e limpa depois se contagia

Na minha trajetória inescapável

Porque sou reflexo de tudo que me cerca

Assim minha alma espelha as impudências do mundo

Muitas das minhas impurezas, porém, as adquiro,

Quando caminho fora das minhas margens

Depura-me e me engrandece, as tempestades

No tempo árido, me dispo

Me recolho,

Agonizo

Mas não deixo

De seguir meu destino

Eu umidifico, irrigo, fertilizo

Sei que não fui feito para compreender o mundo

Mas apenas compartilhá-lo

Ajudo a carregar a vida

Nada disso, porém me faz melhor

Porque é o que se espera de um rio

Ao correr de peito aberto no mundo

Atinge-me grandes contaminações do planeta

Enfeio-me e às vezes pareço sucumbir

A frente, entretanto, em algum ponto, restauro-me

Minha força vem da minha missão que é meu caminhar

Só existo, porque caminho, este é meu lema

Sou parte de tudo que me cerca

Os húmus, que transporto

Em minhas veias

São de todos

Vieram do solo

Das árvores passadas

Dos sedimentos das matas, do solo

E não das águas

Do qual sou feito

Sou apenas um agente natural

Termino no mar

Imenso e inexplicável

Todos os dias

Sem que este se altere

Parte do imperioso equilíbrio

Que rege as existências

No entanto continuo vivo

Quando morro mudo de estado

Orbito próximo as estrelas

E renasço pelas forças que regem a natureza

Na metamorfose perene

Do eterno recomeçar

Que atinge os seres

Minha alma assim é infindável

Porque é habitual, humana e reciclável

Sim eu sou como um rio,

Ora sou raso, ora sou fundo

Ora agitado,

Ora sombrio.

Celio Govedice
Enviado por Celio Govedice em 25/08/2014
Reeditado em 26/08/2014
Código do texto: T4936708
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