APARÊNCIAS NÃO ENGANAM

Não sou,

profeta ou futurólogo,

nem produzo testamentos minuciosos,

desvirtuando atenções, fortes tensões,

tentações, vesgos olhares, ruptura dos lugares,

gerando homens bombas com seus estilhaços de fracassos.

Na verdade dançamos,

ao som de gritarias, roucos prantos,

tal qual meninos aguados, mimados,

que hoje perderam tudo, magoados,

porque a herança acabou cedo, muito fácil.

Em algumas de nossas lambanças,

matas tetraplégicas atropeladas por feras, sisudas moto serras,

águas contaminadas, êxodos corriqueiros de excrementos arruaceiros,

ar rarefeito sujeito às oscilações de nossas impróprias combustões,

animais extintos, substituídos por humana irracional letal procriação.

Talvez Deus exista,

fazendo-se acreditar,

que só Ele, não a natureza,

mão firme, peculiar destreza,

estética inconfundível das cartas na mesa,

escolhendo no grito os que devem ser ungidos.

Mesmo assim, cuidado!!!

Olhem bem para os lados,

também abaixo da linha dos sapatos,

cheirando além dos perfumes industrializados,

que as visões não estejam nos televisores,

onde falsos oradores proclamam o inevitável.

O progresso descartável,

plutocracia, capital insaciável,

como única saída, vida régia bandida,

âmago de pascácios perdulários sorridentes,

duendes “Tutti buona gente” das colunas sociais.

Mascarados efêmeros,

suas tendências, referências,

tentam moldar o futuro, suposto prumo,

esquecendo taticamente que seus passados-presentes,

não passam de secretos, ictéricos, péssimos exemplos.

Além do mais

o cotidiano, ano após ano,

cancro, tanto que só a tecnologia avança,

modus operandi: escravidão, consórcios de querelas, barganhas,

veio, por onde lustrosas, empertigadas, iludidas castas do lixo,

garimpam insensíveis a vida, como se ela fosse tão somente isto.

Maquinando,

jogam as culpas em todos os celacantos,

estórias de pré históricos maremotos profanos,

ou então, nos "feios homúnculos" oriundos das ruelas,

perigosas favelas, corre- corre, estampidos, jornais e velas,

sujeira, contaminação, corpos frios esquecidos, plexos abertos,

féretro de transeuntes ataúdes, amiúde raivosos conflitantes,

premissas dominantes dos que não vivem nem ali, lá ou acolá,

afirmando serem moradas de gambás , sem jamais passar por perto.

Para os apinhados, vetos!

podres lavagens, fenomenologia dos restos,

exigindo ainda deles, cívica imposta conduta,

como se fossem os verdadeiros filhos da puta.

Querer exigir de quem não tem,

é safadeza, sacanagem, dura amostragem

de leis esdrúxulas, vagabundas estéreis vanguardas,

legisladas por quem entende mas covardemente não faz nada.

Cobrar postura social, ecológica,

de seres seriados, vivendo alienados, sem escolas,

escorregando, surfando, a céu aberto em todas as bostas,

é pura chacota de uma classe média escondida, fingida,

que degusta, se orgulhando da própria meta... a merda.

E quanto aos que sabem,

mas tem dinheiro, malandragem,

status ornamentais, passando por cima de tudo,

sortudos que invariavelmente ganham qualquer tipo de aposta,

jogatinas viciadas, absolvições tácitas, apuradas nas tocas das togas.

Se não há vergonha na cara,

ta na cara, que no horizonte das expectativas,

urdidas artimanhas coroarão babilônias camufladas.

Ecos, lógicas,

logística futurista,

reverberação fantasmagórica,

ofertando aos sádicos cafetões da natureza,

que exigem toda a féria, comida, sobremesa,

um estágio não remunerado onde o trabalho seja a franqueza.

Para esses em cadeia,

cadeias!!! Veias da certeza,

para quem espera solenemente,

ciente que só o castigo, a reclusão,

jamais o perdão, capitalizaria o bom senso.

Para isso conto,

com a desobediência civil,

pois até agora o que se vê o que se viu,

são gigantescas manobras políticas prostitutas,

pernas abertas, coagulados espermas, puta bagunça,

bacanal transcendental, plural, acintoso, estrutural,

desses jagunços broncos em que na própria família fazem ponto.

Alexandre Halfeld
Enviado por Alexandre Halfeld em 20/05/2007
Reeditado em 21/05/2007
Código do texto: T494470
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