Agenda poética

Tomar café as sete para começar a tecer o dia.

As oito de bicicleta até a biblioteca municipal multiplicar saberes

Dez e meia ainda na biblioteca lendo Thoreau e imaginando Pessoa

As onze e meia fazer o almoço enquanto Pink Floyd toca a meia altura

Uma hora depois de almoçar apreciar um delicioso vinho, o mais barato

Como de costume aqueles com gosto de simplicidade.

14h tentar escrever um poema vulgar e melancólico ou

um poema solidão depois de chorar meia dúzia de palavras enxutas

As 16h 30min estender no varal o poema pronto para quarar

18h comprar o pão quentinho

19h 30min esquentar a água para o mate de Saché, não sou do sul mas gostaria de o ser.

21h ler o poema do livro de cabeceira dos versos que me enobrecem "meu amanhecer vai ser de noite"

22h continuar a ler o mesmo livro "no fim de tarde, nossa mãe aparecia nos fundos do quintal: Meus filhos, o dia já envelheceu, entrem pra dentro"

23h Saborear outro delicioso vinho enquanto todos dormem tranquilhamente

00h assistir algum programa na TV ate o tedio começar a nascer e se estabelecer

2h fechar os olhos para sonhar com o tempo em que a vida seja tão mais

Intensa quanto os versos de Ilíada.