Menino Deus

Menino Deus,

Como nasce uma alma? Alma não nasce, “existe”.

O que nasce é o corpo, em confecção e concepção de outro mais experiente.

A criação é um acidente?

Deus é um menino que finge ser homem.

O homem não finge, ele para olhos de Deus é um menino.

Mas todos os meninos são deuses, em pureza e castidade.

São virgens meninos, virgens dos pensamentos incrédulos.

No mundo dos meninos, Deus existe, foi ele que criou os heróis das revistas em quadrinhos.

Depois dos treze, os meninos bebem do cálice amargo e gostam...

A incredulidade se faz parte da humanidade, o sabor amargo, os transformam em heróis de causas individuais, seus erros justificados em ideologia politica, com armas em punho, prontos para morrer em históricas guerras civis.

Outros meninos nascem nessa vida cronológica, esses ainda virgens do cálice amargo, invocam Deus para intervir na crueldade dos meninos mais velhos,

Nessa ciranda de pedra, Deus não pode brincar, não pode ser Deus, então ele se faz menino, para poder entrar na roda viva do mundo.

Os mais velhos, descobrem a farsa...

Embebedam os virgens meninos com o cálice amargo,

E no calabouço prendem o menino Deus, esquecem-no, privando o mundo da existência desse Cristo.

A alma não morrer, quem morre e o corpo, os jovens rebeldes antes de seus desencarnes, a natureza prepara-os para velhice.

Os velhos perdem o paladar e também o efeito do amargo do cálice de fel.

Maduros e sensatos, agora arrependidos, lutam para libertar do calabouço o menino Deus. Junto com outros meninos conseguem a chave; ao abrir a porta para ver a verdade, não encontram mais o menino, apenas fragmentos de um cadáver.

Os incrédulos dizem:

“se fosse deus não teria morrido.”

Apenas fica o lamento dos velhos e o choro dos meninos.

Eu, poeta digo:

“As almas não nascem, existem, a alma não morrer quem morrer e o corpo.”

Mas meus cabelos brancos dizem:

“Deus surge das cinzas, surge! Como surge de uma virgem, um menino. O menino finge que pode voar, escapa do calabouço dos homens, com asas de fogo e luz flamejantes, escapa á fênix em formato de menino, voou para o além do céu celestial, ao encontro do colo da sua mãe virgem.”

29/09/2014. São Paulo, Guarulhos.

Autor: Tiago Pereira.

Pseudônimos: Brasilino de Oliveira.