Depoimento poético de uma autopsia

-- Depoimento poético incompleto de um bom moço, quase vivo, que revelou somente o choro, o timbre e que demonstrou que tinha também lá seus sonhos --

A começar pelo título,

irei explicar,

o que muitos chamariam de clichê do mal amado,

eu chamo de clichê do avoado.

-- O Tudo iniciou-se para mim quando, ou melhor,

O nada iniciou-se para mim quando: --

"Moleque, acabou sua história",

disse sucintamente o tal...

do ponto final quando chegou a mim,

e anunciou o meu fim.

-- Eu expus minha insatisfação e disse: "poxa, mal nasci" --

Sem saber a verdadeira explicação,

Chorei durante muito tempo,

e a fobia floriu-me de sentimentos falsos,

fantoches, formalidades e até falácias de supostos milagres.

-- Falsos milagres, pois cheguei a pensar que milagres existiam, mas tudo não passa de mera coicidência. Detalhe: comecei a chorar desde que nasci, e essa choradeira dura até hoje. --

Busquei o perdão através da austeridade para com mandamentos,

mantive-me aliado para ver qual era o rumo.

Divina escolha...

Feri minha carne com seus pecados,

e meu ego sequer foi estimulado.

-- Se soubesse que iria me ferir,

eu teria me anestesiado para continuar no "meu bem querer" --

Calei-me,

De repente, escutei...

as águas versejando lágrimas.

É o choro do mundo.

-- Tem que sofrer muito para entender as dores do mundo --

São as águas de um poço profundo,

que escorrem por baixo da terra

muito abaixo da camada da neve,

elas escorrem por baixo da pele.

-- O corpo é o saco de pancadas da mente, ainda bem que não é o contrário --

Sussurraram-me um dia,

"Sua carência ignora o perverso

amor de um sílfide e mantém a sua calma",

porém, não preciso dizer mais nada,

é o pranto da alma.

-- Quando esta chora, até o diabo sente pena --

A alma e o poço

sujos pela inexperiência,

pela ciência e pela incompetência

que são causadas pelo dono da rua,

que sempre achou ser o dono da lua.

-- Homo sapiens sapiens --

Olhos de faquir... odor peculiar para inibir...

então surge a saia que me desperta

e me leva...

e não demonstra o que tem a perder,

pois, Ainda, não tem o que quer ter.

-- A Senhorita --

Denis Morais Cavalcante
Enviado por Denis Morais Cavalcante em 25/05/2007
Reeditado em 25/05/2007
Código do texto: T500610