TORTURA TÃO SUBLIME

Paraíso e dores contrastantes em olhares

E na névoa do cérebro corroído pelo ser

O que é ser querido e desejado

Mas viver uma existência vazia

E ela morria na batida da Kombi

Ela morria

E quem avisava sua filha era eu

Pra que tudo isso,

Quando sonho com Macário?

Só quero ser Mary Grove

E Fernando será Jamnick

Óh! Como odeio todas essas referências

Mas a confusão não me deixa dormir

A jura ficou atrasada

Será que mesmo assim valhe?

Óh! Como amo a boêmia negada!

Mesmo que pague caro cada gole de vinho

Cada beijo promíscuo e lascivo

Mas a genialidade mal canalizada

Pede que esfume a imagem como Renáud

Esses belos pedaços de carne que desfilam sorridentes

Ai! Como os quero

Porém mais fácil é abrir tudo que tenho

Rasgar essa merda de alma de poeta

É essa vontade de se afogar nos vícios

Por isso que não quero ser especial

Veja com que fervor escrevo essas linhas

Que saco! Estou revoltada escrevendo lixo

Apenas para fugir...

E essa fuga compulsória me leva a que?

A nada, como sempre, mas não sei evitar...

Dói e eu vazo a dor pela caneta

A companheira muda e cega

Aquela que não julga e não contesta

Eu queria poder me revelar

Nas relações humanas "so clichê"

Mas o ponto em que cheguei já sou um nada

E mergulho na poesia desvairada

Esse meu mundo de palavras mudas

Sonhos e pesares e porquês e medos e vícios...

Eu quero me perder e ser Álvares

Já que o Amor não existe

Quero me perder na perdição

Orgia e maldição