Pensamentos intestinais

Sentada no meu trono divinal
ponho para fora meus excrementos
porque a vida é fétida
e é foda.
Lambuzo a saída das idéias:
Fecais imagens da podridão corpórea.

Ser homem ou mulher
não importa muito nessa hora.
No sentar reinante
expelindo os detritos humanos
faço perguntas retóricas
e não busco respostas.

Há em todo ser beleza:
alimento de olor, olmeiro de cores matizes;
habita em todo ser o resultado do viver,
há,  entretando, o formar do bolor embrionário,
no mais alto grau de degradação.

Eu me ponho onde acho que exergo mais,
Se no trono ou se na latrina - tanto faz -
vejo o excretado.
Odores: emanação volátil da carne.
Fedores: ilações equivocadas da mente.
Pontos de vista: observações e vontades
Podridão: prostituição das palavras
no fabrico dos conceitos morais.

Há dias de  belas feiúras,
e neles, não há nada que me diga
que pensá-las e expressá-las são pecados,
porque toda "obra" tem o direito de ser privada,
e todo resultado fecal tem seu autor.


Divina Reis Jatobá
Enviado por Divina Reis Jatobá em 29/05/2007
Reeditado em 07/07/2008
Código do texto: T505134
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