EPIGRAMA A STALIN
Eu te traduzo com a língua morta do silencio
Dos que apodreceram em vossas mãos
Eu estou aqui, anos depois, a te observar
Teus passos que rangem, sobre um chão de baratas
De tuas botas georgianas sujas de sangue humano
E dos gestos obscenos de tua intolerância
Do teu rancor degenerado,
Do teu espírito assassino e do horror de tuas matanças
Que te permitia massacrar poetas e crianças
No incandescente terror que vertia dos teus olhos
No templo negro do culto insaciável à tua personalidade
Oh alma do mal e vil que nunca despertou para a razão
Detentor das verdades utópicas e absolutas, da força primitiva e da crueza,
Oh carrasco letal da humanidade que detestava o pensamento
Saiba, que tua doutrina se esvaziou e que a palavra venceu
Portanto, nada lhe cai melhor agora que o inferno
Rio de todas as vossas revoluções
Como rio do vosso heroísmo
Não o distingo dos vilões
Rio também daqueles que te seguiram e guiaram a vida e a morte
Sob o inescrupuloso manto da denúncia, da subserviência e da mentira
Que vestiram a casaca negra, intoxicados de ódio que fomentava o terror
Que usaram-na para atear fogo e cozinhar a carne dos inocentes
Nas trevas das noites da ideologia estupidificada
Não, não havia qualquer luz,
Havia apenas a morte, no teu reino,
Que arda, maldito, no fogo do inferno
Que não recebas a compaixão que nunca destes a ninguem
Que o mal que te assombras, seja eterno!
Gumilev, Gorki, Soljenítsin, Anna Akhmatóva,
Nikolai Sumilyov, Punin, Isaac Babel,
Ósip Mandelstam eu vos saúdo,
Porque bebem felizes no salão amarelo,
Iluminado por velas poéticas
E acima de tudo porque vivem!
Enquanto vosso carrasco está morto!