SOBRE O SILENCIO

O silencio é uma forma da natureza fazer poesia!

O silencio anda nas copas das árvores, nos troncos, no fundo dos lagos, e tudo que está quieto. Ele é onipresente. Ele cai nas neves nos campos gelados na imagem siberiana do quadro em minha parede.

Pode-se vê-lo mui claramente retratado pelos pincéis da arte!

Ele está presente nas águas petrificadas do lago, que não se mexem nem um milímetro em suas margens, na tarde aquecida de verão.

Ele está no pássaro noturno que descansa na árvore morta e de lá observava taciturno, o universo.

Eu o vejo na alma do homem que dorme na calçada, sonhando com a felicidade. Ele dorme ao lado dele, como uma amante recostada ao seu corpo, pronto para acompanha-lo pelo seu destino.

Eu o sinto quando deito meus olhos cansados sobre as encostas do mar no seu sono ancestral e mudo.

Eu vejo-o na face da velha tartaruga que cochila enrolada nas folhas da eternidade. Eu o vejo no seio da mata que respira sem que ninguém perceba!

Vejo-o nas mãos das estações que bordam, as flores nos campos da existência. É ele que move as borboletas e a suavidade dos seus gestos. Vejo-o também balançando nas asas das gaivotas!

Vejo-o no vazio de minha alma, quando rabisco estes versos. Meu Deus, como ali, ele é estarrecedoramente presente!

Eu também o sinto intenso, na chuva miúda, que cai, como lágrimas, dos olhos furtivos da noite.

Eu não vejo, mas tenho certeza de que habita todos os poentes e todos os jardins regulares que enfeitam este mundo. Como existe, nas bolhas de ar, que se desmancham, quando o sol explode as manhãs. Vejo-o na vermelhidão do crepúsculo incendiado, na rotina incansável da natureza.

Ele está no sentido oculto das coisas que não compreendemos, mas que existem na desafiar nossa ignorância. Ele existe no interior da terra, no infinito, nos cemitérios, nos olhos que perscrutam o horizonte, nas pedras do tempo, nas palavras deitadas nos livros, nos tabloides, nos cadernos esquecidos. Ali está ele, a retratar com elas, as angústias, o amor, as poesias, o sonho, a ilusão, as ideias, enfim, todos os sentimentos, verdades e mentiras que moram em nós.

Eu o tenho em meu pensar mas não o habito, ele sim, habita em mim, quando me descubro, florindo em meus passos, andando para dentro de mim!

Celio Govedice
Enviado por Celio Govedice em 11/02/2015
Código do texto: T5133707
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