A morte do lirismo

Enquanto festejam

estripo meu braço,

enquanto tudo desejam,

de tudo me desfaço...

Dane-Se!

Enquanto danço no escuro,

Vocês ligam as luzes,

enquanto a loucura procuro

vocês levantam suas cruzes!

Dane-se!

Gritos.. gritos... a meia-noite!

O lirismo está morto,

agora todo mundo escreve

sem métrica e com verso torto!

Enquanto usavam jóias,

eu ficava com o amoníaco,

Enquanto agora conto vitórias,

vocês apenas dizem: "desisto!"

Danem-se!

Enquanto os cintos apertam,

eu acelero e acelero...

Enquanto os Ânimos se aquietam

prego como João no deserto!

Danem-se!

Badaladas! Ouçam as badaladas!

O parnasianismo virou poesia moderna,

Não há mais chão seco e chuva molhada,

apenas o belo e o nada!

Enquanto todos rimam,

Eu alcanço o mais profundo,

enquanto por métrica brigam

sinto o sentimento do mundo!

Danem-se! Não me chamo Raimundo!

RS Schindler(Renan Souza)