Três tempos

O tempo me toma pela mão

Conjuga os verbos, sem pretensão

Mas me deixa observando a solidão

E sigo, olhar, desata essa inspiração

Que anda cheia de nós, enjoada

Parecendo semente que será parida

Um final estranho, uma alma sumida

Compondo sem estar assim inspirada

Vai seguindo, no tempo que resta

Um teor de sobriedade na madrugada

Um bafo quente de ilusão estagnada

Um azedo vinho que não mais presta

Minhas disparidades, tem nome

Mas finjo que nem lembro, é segredo

Não conto, não conte, deixa que some

Desaparece, escorre por entre os dedos.