O EXERCÍCIO DAS PEQUENAS COISAS

Nas manhãs quentes

De horas apressadas

Pessoas geladas passam

Sem tempo...

Por entre outras pessoas

Que também passam

Pelos mesmos endereços

E moram na mesma quadra

Enfileiram-se no caixa do banco

Cruzam-se defronte

O mesmo banco da praça

Sem tempo de notar quem passa

Quantas pessoas com desejos diferentes

Saem de manhã envoltas na mesma caixa

Costurada com pano e linha

Adornada com laço e gravata

Mas seus sonhos e desejos ficam trancados

Anestesiados pela pressa do tempo

Esquecidos em algum canto

Empoeirado da casa...

Sonhos à espera do raio solar que ao

Bater na janela transpassa a vidraça e

Projeta no chão formas mágicas

Que deslizam, se unem e perfeitamente se encaixa

E dançam tango pelos cantos da casa

Enquanto as pessoas geladas

Seguem solos cambaleantes

Desviando-se nas ruas, filas de bancos e praças.