Tudo Se Esvai

Às vezes, a vida me descontenta.

Dá-me apunhaladas por trás,

faz-me cair e sangrar,

põe um peso enorme sobre mim.

Nossa, como é trágico!

Será que chorar pode curar?

Parece que nasci sobrecarregado.

Meus pés devem estar presos,

presos em concreto. Mas eu não sabia!

Estou percebendo agora.

Mas, se aqui estou preso,

como então poderei caminhar?

Houve um dia em que disseram:

"Por que andar de olhos fechados?

Se há tanto medo da realidade,

fechará-se para a própria vida.

Então, perderá toda e qualquer virtude

e encontrará sua insignificância".

Limitadamente, estamos em vida,

pois a morte chega para todos, um dia.

Hoje, estamos vivos,

mas amanhã, podemos ser lembrança:

daquilo que fomos, e o que não fomos,

daquilo que poderíamos ser.

Então, olhos próximos lubrificam-se.

Antes de dormir, reflito:

o que estou fazendo de mim?

Posso dizer que estou vivo, mas,

quando eu morrer,

poderei dizer que vivi?

Talvez eu deva questionar menos

e passar a viver mais.

Quando abro a minha janela,

vejo melhor o sentido da vida.

Em um mundo tão gigante,

saber viver é apreciá-lo,

encontrar nele algo proveitoso,

construir seu próprio espaço.

Um espaço ilimitado.

Se eu já tivesse vivido tudo,

poderia ser levado.

Se eu já tivesse vivido tudo,

poderia envolver-me em lençóis brancos.

Mas, como não vivi, fico aqui.

A vida que temos é imprevisível.

Agora, podemos executar nosso tempo.

Depois, o tempo saberá que o nosso acabou.

Jonathas Rodrigues

2015 - Paraíso.