Abelha Rainha

Às vezes há um alvo, uma mosca

Pelo qual, se controla, o respirar,

Outras só passeata errante, tosca,

ignorando ser uma fuga, ou, busca,

Tanto faz, aonde que se vai chegar...

Enquanto dura certo cantil de ideias,

Sobrevive-se no Saara árido da vida;

Abelha rainha aglutina a si a colmeia,

Mas à alma falta essa âncora, e bóia,

Vento e ondas, sua instável guarida...

Aí, ora, se deixa estar, outra, se pensa,

pedindo a Sophia, apenas uma mecha,

Presumido perdedor pode que vença,

A corda do arco, quando tá mais tensa,

Mais distante arremessa a sua flecha...

Ou melhor, do limão da vida se faz suco,

A inspiração é vampira, precisa de vidas;

Como o blefe é vital, para jogo de truco,

miragens eventuais, até dão certo lucro,

matéria prima, ouro nas mãos de Midas...

Mas, a abelha rainha está sob essa lavra,

a mosca, o alvo, como se, não a mirasse;

até voltando as costas ainda, a olhava,

trocaria, pois, a posse das belas palavras,

pela de um dalit, desde que ela tocasse...