Um amontoado de coisas

Um amontoado de coisas

De palavra em palavra

Argumentos finados,

Afinados e arretados

De pensamentos incertos

Falados, questionados,

Juntas e compostas,

Dá-te palavras infundadas

Poeta que não usa palavras

Que junta letrinhas

Amontoa, amontoa, amontoa...

E que não as guarda

Justas e injustas

Retiradas de qualquer lugar,

Da alma, do coração e da dor.

Dê-lhe a palavra

De que não sabe falar

De nada vê e ainda há de ignorar

Para marcar em brasa,

Um pedaço da carne, que ninguém vê,

De dentro e de fora, costura-se

O que se lê.

Amontoadas, empilhadas e embaralhadas

No peito, na cabeça, e na alma.

De tudo, o pouco

Mas do nada é tudo

Colada e jamais semparadas

Onde o que lê

Não se pode ver.

Diogo Diniz Garcia Gomes

quarta-feira, 4 de julho de 2007