O sonho do poeta

Quero escrever até que os dedos não suportem segurar a caneta

(fosse em áureos tempos eu diria a pena)

ou que eles não se coordenem mais sobre o teclado.

Quero escrever até que os olhos não distinguam mais as letras,

até que as mãos não acompanhem o raciocínio,

até que o pensamento não acompanhe mais a inspiração

(se bem que ele nunca a alcançou).

Quero escrever até que a carne se decomponha na terra

e, restando apenas os ossos, reste apenas a Consciência.

Depois disso, quero escrever até que o Espírito precise de outro corpo

que precise escrever para mantê-los vivos

e nunca ficarem órfãos da Poesia.

Cícero – 17-03-2016

Cícero Carlos Lopes
Enviado por Cícero Carlos Lopes em 17/03/2016
Reeditado em 02/09/2016
Código do texto: T5576628
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