O sonho do poeta
Quero escrever até que os dedos não suportem segurar a caneta
(fosse em áureos tempos eu diria a pena)
ou que eles não se coordenem mais sobre o teclado.
Quero escrever até que os olhos não distinguam mais as letras,
até que as mãos não acompanhem o raciocínio,
até que o pensamento não acompanhe mais a inspiração
(se bem que ele nunca a alcançou).
Quero escrever até que a carne se decomponha na terra
e, restando apenas os ossos, reste apenas a Consciência.
Depois disso, quero escrever até que o Espírito precise de outro corpo
que precise escrever para mantê-los vivos
e nunca ficarem órfãos da Poesia.
Cícero – 17-03-2016