ÀS CRUZES DAS PAIXÕES...

I

Enquanto as paixões sinalizam

Os rumos perdidos na Terra

Os Homens se negam ao armistício

Do amor destruído nas guerras...

II

Um corpo flutua nas águas

Da vida que sequer começou

Um tombo derruba o destino

Que a ilusão nem traçou...

III

O tempo sai em passeata

Gritando pelo que não conquistou...

Um corpo tomba na calçada

No frio um coração congelou.

IV

Traçou-se o mapa do caminho

Na voz que fez discurso ao ar

Paixão se enfurece ao egoísmo:

Só quer tudo a si conquistar!

V

Um seio se expõe ao alimento

Pendente de paixões esquecidas!

Nas ruas a excrescência do evento

Do tudo roubado das vidas...

VI

A fome alimenta o sentido...

Do tudo que não se conquistou

Paixão faz palanque ao absinto

Do fel que no tempo adubou.

VII

No leito a doença agoniza

Não sabe para aonde levar

A vida que sequer concretiza

Paixões que vai abandonar!

VIII

Paixão ceifa o livro que ensina

A História de todo “beabá”!

Destino enredado na sina

Refém das paixões blá-blá-blá!

IX

O mar se agita agressivo

Ao tudo nele a agonizar

Um beijo degusta o insípido

Paixão se esvazia ao luar...

X

O ódio soergue a espada

Nas ruas da sofreguidão

O mal faz a sua morada...

No orgasmo da plena maldição.

XI

O engano pela caminhada

A obstaculizar qualquer sina,

Tenaz segue em plena arruaça

Paixão cega toda esquina da vida!

XII

Um homem se lança ao relento

Qual bomba desespero em explosão

Paixão , quiçá, o remeta ao alento

De nunca ter tido uma mão...

XIII

Paixões pelas ideologias

Vazias sem proposição!

Enquanto a proposta vadia

Espanta a melhor intenção.

XIV

O ínfimo acredita ser grande

Paixão psicótica por SI!

Convoca a batalha aviltante

Paixão para o amor agredir.

XV

E a psicose dos tempos

Insiste em tergiversar

Palavras perdidas ao vento

Paixões arrefecidas no olhar.

XVI

A flor que se abre assustada

Ao viço das paixões a florir

Na terra tão esterilizada

Já sente que não vai existir!

XVII

A vida passa pela avenida

Tão cinza, e o concreto armado

Dispara sua frieza às vias

Do dia que termina suado...

XVIII

Bandeiras tremulam ao vento

Paixões travestidas de amor

Ecoam despidas de senso

Os "ductos" aos caminhos da dor.

XIX

A toga soergue a esperança

Que segue tão vilipendiada

Paixão à Justiça em aliança

Com as terras tão dinamitadas.

XX

No livro Sagrado dos tempos...

O Alfa ao Ômega se lança

Cenário da Paixão do advento:

Na Terra a profecia é quântica!

XXI

Um Homem à PAIXÃO se entrega,

Sagrado corpo é crucificado

Metáfora encenada à Terra:

O amor seria esquartejado.