Cento e vinte quilômetros

Os pés na janela não me permitem ver direito,

Mas a velocidade me ajuda a compreender claramente.

Onde estou, qual é o nome? Nem sei bem a teu respeito.

Mas a curva é acentuada e sei que ela, ah! Ela não mente!

Quantas vezes por esse caminho eu não fui só,

Tinha uma lista de sons tocando no aparelho e comigo,

E cantei até perder a voz e até chorei. Ou calei em nó.

Então a curva surgia. Chegavas então o sorriso amigo.

Sorriso que eu conheço e nem sei por quê. Apenas vejo.

São poucos quilômetros, menos de cem. E tantos metros!

O sol da manhã me queima os braços e me fere em beijo.

A velocidade é a mesma e a saudade não serve de parâmetro.

Aqui estou! Estamos todos. Sol, mormaço e suave voz.

Sotaque paulistano, jeito de pantaneiro. Ambos longe de casa.

Dois dias e uma noite. É preciso voltar, pro lar, pra o que sou.

E então vou. Mais leve, mais calma e para a vida mais veloz.

Camila Cabral
Enviado por Camila Cabral em 27/04/2016
Código do texto: T5618155
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