Correntes
 
 
Eu tiro tuas correntes,
E elas caem, pesadas
Rudes e enferrujadas
Sobre os dedos dos teus pés.
 
Conserto as asas quebradas
Ensinando-te a voar,
Te mostro a mesa de bar,
E o grito na garganta.
 
Te faço ter esperança
Desejando a liberdade,
Te ajudo a fazer alarde
E a mirar tua arma.
 
Mas depois que eu te deixar,
Jamais serás como eras:
A ave que antes cantava,
Gritará como uma fera!
 
Te levarei onde eu for,
E o amor que aprendeste
Será visto como um elo
Da tua antiga corrente!
 
Odiarás tua casa,
Teu espelho, teu irmão,
Mordendo, sem distinção,
Quem tentar chegar mais perto...
 
E quando tu perceberes,
estarás em um deserto,
Não mais lembrarás teu nome
(No teu ventre, uma outra fome...)



Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 05/05/2016
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