AS ASAS DA RAZÃO
Lailton Araújo
As asas de qualquer ser humano
Crescem de acordo com a visão
Ficam atrofiadas, sem utilidades
Ou grandes, iguais as do avião
Ter asas e não saber como voar
É ter os pés amarrados ao chão
Naquele sonho: ainda de criança
Voar não tinha qualquer eficácia
Batia asas, igual a uma avestruz
Pensando na rapidez das águias
Muitas vezes, caía machucado
Coberto com flores das acácias
As asas estão nos pássaros
Nos insetos, mísseis e aviões
Tais asas que você me dava
Tinham seus limites e paixões
Hoje tenho as asas cortadas
Sem perguntar quais as razões
Quem voa com as próprias asas
Viaja independente de um motor
Sobrevoa os rios, serras e mares
E busca no horizonte o seu valor
Sem asas, aprisiona-se o futuro
No vôo cego sem radar, sem visor