O nada que me cerca

O “nada” que me cerca e não tem fim

Sustenta enfim ativo meus sentidos;

atrai-me, inexorável, ao limiar do infinito

e confirma, da razão que me aprisiona,

a verdade que “sou” pra ele e ele pra mim.

Do que vejo existe pois o olhar;

Do que cheiro só o cheirar existe

e assim é com tato, paladar e audição.

Nada possuo e é verdade que não resiste;

- a vida vivida no corpo é como ilusão.

Aqui onde todo me encontro ser,

ser sou se sou do olhar um ser cativo,

se a imagem que me vê pra me conter

inclui-me impresso nas retinas d’um amigo,

Confirmando-me na ilusão que é viver.