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ESTREAR Di Plural

Por anos perambulei pelos becos escuros dessa cidade,

tentando o meu espetáculo apresentar.

Tentando apenas, pois sem platéia para aplaudir meu espetáculo,

por vezes precisei minha estréia cancelar.

Sozinho outra vez,

sentado no chão de um teatro sem luz,

voltei o meu espetáculo ensaiar,

onde eu represente o papel real de mim mesmo,

o papel de alguém que almeja minutos de felicidade

Minutos apenas.

Te conheci nos bastidores da vida,

Num lugar onde poucos se conhecem

E nunca dizem o nome.

Eu não menti,

tu também disseste o teu.

Senti o ar se aquecer ao redor de mim,

ao redor de você.

Um frio tomou conta de minha barriga mesmo num ambiente de muito calor,

minhas mãos perderam a força ao tocarem as tuas,

e na cabeça a certeza de que ali surgia a oportunidade de enfim

meu espetáculo estrear.

O teu tom era tão pro meu.

E dessa garganta que canta e tantas lágrimas cantou,

cantei palavras de poesia, palavras de amor

Eu sonhei,

sonhei com um teatro lotado e você ali sentado a aplaudir com vigor,

desejei teu corpo em vão.

Então acordei,

e percebi que o teatro estava ainda sem luz e sem platéia e sem ninguém...

só eu ali sentado.

Do teu rosto nem um retrato para consolo.

No meu rosto ainda sem maquiagem,

uma lágrima desenhou toda a dor,

a dor de carregar ainda no peito essa vontade

de estrear um espetáculo de raro e tão grande amor.

Di Plural
Enviado por Di Plural em 18/07/2007
Reeditado em 19/07/2007
Código do texto: T570410
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