Letras que adoecem

Na sexta-feira, conheci uma garota filha de pais analfabetos - que não sabiam ler ou escrever porque tiveram que trabalhar desde cedo. A menina entrou na universidade pelo Prouni e cursando jornalismo, ela escreve borboletas que saem voando do papel. Conversa melhor que a âncora do jornal das sete e já leu uns livros que muito acrescentam em seus dialogos. A mãe dela, mostra os trabalhos da filha que entrou na faculdade para toda a vizinhança.

Conheci um moço, na mesma semana, que encurtava os olhos para ler. Me dava uns bons conselhossem ter lido livro de auto-ajuda. Falava algumas palavras inexistentes no dicionário e reinterava que era semi-analfabeto. Mas o moço não deixava de ler em voz alta. Ele pegou o folheto e o reescreveu com suas letras desengonçadas, mas que ele mesmo entendia e repetia. Sem parar.

Era domingo. Conheci um moço graduado com alguns prêmios de redação. Sabia de fisica, quimica, discutia política e pensa que não há chance de Jonas ter sido engolido por uma baleia. Ele tem lógica, como ele mesmo o diz. Mas ele não me deixava falar, ou sequer, perguntar. Ele queria tanto mostrar seus conhecimentos que faziam todos se calarem... Não por não terem argumentos. Ele me perguntava se eu já li Russeau e o manifesto comunista de Marx. Mudou de assunto. "Menina". Quando alguém ousasse assumir uma ideia, o homem alfabetizado se retirava.

Descubra, por você, quem é o analfabeto da história.

Uma Beatriz
Enviado por Uma Beatriz em 31/10/2016
Reeditado em 31/10/2016
Código do texto: T5808793
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