ODISSÉIA URBANA

Enquanto operários constroem o mundo,

ao lado de minha janela, numa paisagem urbana, beija-flores ensaiam um novo balé

por quanto borboletas despreocupadas se acoplam nas flores!

Então pergunto as abelhas porque o dia não veio para mim?

Pergunto às horas e quando ele virá.

Me respondem que são apenas operárias do tempo, que só o tempo saberá dize-lo.

O dia estava, na verdade escondido nas brumas, nas gargantas dos galos.

Assim, a noite seguia, estendida em minha alma, teimando em não desaparecer, porque na verdade, a realidade me assusta!

Por isso sigo boiando neste mar de mentiras, que é o meu mundo

Porque o homem, precisa das mentiras

Porque o mundo, afinal, tudo é feito de ilusões!

As palavras carregam as respostas

Mas as explicações não são fáceis de se descobrir

As palavras deveriam falar pela gente

Refletir o que pensamos

Mas acaba que a gente falando pelas palavras

E nada dizemos de profundo, ficando tudo fica sem sentido!

Eu observo desconcertado o desarranjo do mundo

Contudo sei, que tudo poderá mudar, de repente

Por mais inverossímil que seja, pelas palavras,

Este rio insalubre, contaminado, expressadas pelas ideias

As ideias mudam com a mudança da percepção

Que temos das coisas.

Por isso precisamos sempre estar mudando nossas percepções

Porém eu estou velho demais, para mudar as minhas

Assim apenas ando neste universo

Sem se importar com o que dizem as outras pessoas de mim

Ás vezes, paro para escutar o eco do silencio

Perceber o silencio é uma fresta que se abre

Por onde pode entrar uma retomada de consciência

Eu, contudo, não tenho tido paciência para ouvir o silencio

Embora sei que ela soa dentro de mim

Como o farfalhar das folhas mortas,

Em seu último cortejo

Sob a marcha fúnebre da brisa fria!

Celio Govedice
Enviado por Celio Govedice em 17/12/2016
Reeditado em 31/03/2023
Código do texto: T5855664
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