Nem homens, nem flores

Se os homens fossem flores,

Creio que não haveria borboletas.

Talvez até nem houvesse cores,

Colorindo as suas pétalas obsoletas...

Se os homens fossem flores,

Os beija-flores deixariam de existir.

E as primaveras seriam bastidores,

De alguém que com uma cor, pudesse se exibir...

Se os homens fossem flores, eu te diria,

Que nem as abelhas provariam de seu mel.

E nos campos, a vida não se esparramaria,

E não haveria nenhuma estrela no céu...

Mas se as flores fossem homens, te direi,

Que a vida por fim, um jardim seria.

Com a certeza de um reinado sem reis,

E como um arco-íris, o mundo coloriria...

Mas homens são apenas homens,

E flores, são unicamente flores.

Natureza e espinho, marcas que não somem,

Que diriam que o plural de vida, é amores...

Eu, flor homem, homem flor, sem jardim,

Fui proscrito por minha natureza doidivanas.

Sou rosa humana, sabe se não? Sabe se sim?

Vermelha como o inferno, ardendo em suas chamas...

Mas o inferno não existe, amigo Hades,

Nem mesmo o paraíso, meu comensurado Deus.

E sim o espinho que arranha e arde,

E sim a flor, que desabrocha diante dos olhos teus...

Mas do que seria o mundo, pobre mundo!

Se não existissem nem homens nem flores?

Será que haveria um sentimento mais profundo,

Redefinindo a sensação entre amores e dores?

Marco Ramos
Enviado por Marco Ramos em 11/10/2005
Reeditado em 11/10/2005
Código do texto: T58670