TENHO MEDO

TENHO MEDO

Tenho medo do escuro.

Não, por estar escuro,

mas, por aquele escuro,

que não me permite ver.

Tenho medo, muito medo,

do sentir.

Não no sentido,

de me sentir frágil,

mas sim, de sentir,

que já nada tenho para ver.

Tenho medo da claridade.

Não daquela,

que me mostra o horizonte.

Tenho medo, daquela,

que mesmo radiante,

não me traz a verdade,

qual água,

que nunca chega à fonte.

Tenho medo, de partir.

De ficar, também.

Pois ficando,

posso alguém magoar.

Partindo, fico sempre

sem alguém.

Tenho medo da indecisão.

De quando só,

ter que pensar.

Ou sigo meu coração,

ou aqui, aqui,

não posso ficar.

António Portela
Enviado por António Portela em 28/01/2017
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