*Inverno (?)

Você deita e aceita

acorda e retorce

esconde e cala

mas não dá pra esconder por muito tempo

O frio que acolhe separa

Você corre e espera

O vaso que escorre das mães é o mesmo que quebra nos pés

Do açoite ao abraço

Um copo de água, um punhado de terra

Um minuto, uma era

Sob o mesmo chão, sobre o teu olhar

A gente finge todo dia

o dia aflige toda gente

E o mundo inteiro corre, sem caminho, sem certezas

Indo e vindo sem saber

quanta areia resta na ampulheta?

O fim tá no mar, na esquina, na janela, no fogo, na mesa.