SONHOS DE HOJE

Ontem vivi sonhos mirabolantes

Hoje morro sempre um pouquinho

A cada dia que passa

Continuo sempre sem graça

Permaneço na cidade sem praça

Louco para ir embora enquanto é tempo,

Tempo de pés no chão,

Tempo de achar

Que todo o tempo é bom

Nem que seja para uma reflexão sobre tudo,

Sobretudo, o quanto o vento sopra lá na montanha,

E balança a folha do cajueiro

Em que seus frutos quase maduros

Permitiram ver o sol da manhã

Aquecer cada corpo malhado.

Dos que ainda sonhavam em ser

Um ser sempre sonhado

E assim vivo agora aqui

Esperando um resultado

Que seja melhor que o presente

Neste calvário crucificado...

Não tenho sossego nesta vida

Minha desgarrada vida

É um soneto fora de ordem

Em pesadelo nu e cru

Passeando pelo céu azul

Que mal sabe onde as nuvens passam,

Além do nada ausente de tudo,

Finalizando este maldito mundo

Que me chama de “vagabundo”

Só porque penso um pouco mais,

Além desses imbecis presenciais

Em todas as festas semanais

Especulando feitos animais

A normalidade da vida

Do outrem que poderia sentir

A solidez da vida amargurada.

Escrevo de forma desconectada

Não é poesia, não é nada,

Apenas um desabafo muito forte

Que me acompanha aqui no norte

Em que a ordem do caos toma conta de tudo

E você nada pode reclamar...

“O que você está fazendo aqui se seu lugar é tão bom”?

Essa é uma pergunta que continua tendo ecos e ouvidos

Nas rodas de conversas fiadas onde você reclama da cultura

Deste magnífico povo que coloca fogo na água

E ainda pensa que pensa socioambientalmente

Derrubando todos os paradigmas geográficos

E seus poderes conceitualmente.

Aqui não se aplica conceitos tais quais,

Aqui há necessidade de adaptações.

Tudo está por fazer de novo

É o refazer o ovo

Que se fez presente em quase tudo

Neste magnífico mundo que ainda não foi conquistado

Pela civilização atual/mundializada,

Apenas somos perdidos no meio desta pequena multidão

Sonhando com uma canção

Que ensine este povo a pensar

Novas formas de viver

Novas formas de amar

Novas formas de sorrir

Novas formas de cantar,

Novas formas de encarar o mundo

E não apenas imitar

Feito papagaio velho

Que não aprende nem falar...

Aires José Pereira
Enviado por Aires José Pereira em 21/02/2017
Código do texto: T5919350
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