Na laçada do nó 
amarrei meus prantos
Sequei as lágrimas 
com a aridez da lucidez

Na laçada do nó
amarrei tanta angústia.
Tanto genido sufocado
Tanta dor embutida 
e delineada em batom

O nó cego.
Para atravessar a escuridão.

O nó de marinheiro.
Para atravessar mares infinitos.

O nó de moleiro.
Para molinar a verdade.

Nó de amarra.
Para não perder a âncora e
nem a liberdade de se soltar.

Nó de arrasto.
Para pescar em rede ou filtrar a realidade.

Nó de pescador
Para mergulhar na imensidão, 
mesmo sendo único.

Nó de náufrago.
Para atar a esperança à sobrevivência.

Nó de arreio
Para galopar o Pégasus.

Nó de escota
Para amarrar a vela e
conseguir um rumo.

A vida é um nó
A poesia é um nó
É o resultado de movimentos
que nos ata, amarra, nos constrange
para juntos,
até mesmo imperceptivelmente
prossigamos.
Ungidos, unidos e inseparáveis.

Parte de mim é matéria.
Outra parte é poesia.
Ler uma parte pela outra 
é ofício da alma.

 
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 07/05/2017
Código do texto: T5991877
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