A crença

Ele me disse

Que vai chover

Que vou morrer

Que posso crer no que eu quiser

Posso crer:

No poeta, no padre, no pastor

No ator da novela

Posso crer no jornal

No aquecimento global

Num sorriso banal

E na verdade...

Na surrealidade

Na sua...

Na mulher nua

No político

No traficante

No livro velho na estante

No virtual

No “Não real”

No desigual

E no porvir...

Nas estrelas como sendo donas do céu

Na carta dita oficial

No policial e na propina

No corpo da menina

Crer eu posso...

No amor e na dor

Na justiça social, tão bonita...no papel

No véu...da noiva

Na uva do vinho

No El niño

No presidente da república

Nos filhos da puta

Na culpa

Na copa do mundo

Em Seu Edmundo da esquina

E no ministro da defesa

...e na musa do carnaval

No sonrisal posso crer

Pra depois na TV

Ver que sou tão igual

E volto a acreditar naquele

Que me disse,

Que vai chover

Que vou morrer

Que posso crer no que eu quiser.

Danilo Cândido.2007.

poeta inverso
Enviado por poeta inverso em 14/08/2007
Código do texto: T606188