A ARTE DE ENVELHECER

Com o envelhecer, vamos ficando esvaziados,menores, porque vamos eliminando as coisas supérfluas que nos enchiam de ilusões, com que enganávamos aos outros e a nós mesmos e nos faziam crer que éramos maiores.

Vão ficando somente as coisas que são de fato essenciais. Vamos filtrando também os sentimentos e ficando só com os verdadeiros. É como se mudássemos de uma casa grande onde fazíamos festas e recebíamos muita gente, para uma casa pequenina, onde passamos a receber apenas nossos amigos, que sempre serão poucos, os que contam.

Daí não temos mais a necessidade de usarmos a couraça social do traje elegante, do cabelo estilizado, do carro do último tipo e outras frivolidades que sustentavam os pilares da nossa falsa arquitetura.

Agora, o que eu quero é gente. Gente que tem alma, gente que tem coração, que tem conteúdo, que aprendeu alguma coisa que não sei e que é importante saber. Não me contem nada sobre as minúcias das realidades inventadas, nem sobre as vantagens do carro novo. Também não me conte sobre o mais novo tratamento da velhice, mesmo porque isso não tem cura, simplesmente porque não é doença.

As rugas que contam são as da alma. Eu quero ter uma alma lisa, não a cara!

Eu quero saber apenas da nova vida que você descobriu, dos novos pensamentos, de um texto inteligente, de um novo autor, da velha poesia que eu não havia lido e que me remete a outras dimensões da realidade.

Isto é o que conta, isto é que faz a vida essencial para quem já viveu todas as ilusões. Sim a vida fica mais reduzida, quando se envelhece, mas não menor. Depende só da gente!

Celio Govedice
Enviado por Celio Govedice em 29/07/2017
Código do texto: T6068711
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