Palavras não me cabem.

Palavras não me cabem

Sempre caindo pelas beiras

Esparramadas num tapete velho

Sujando toda mobília de madeira.

As palavras estão em toda parte

Na verdade, já estão tomando todo prédio.

São tantas as ideias e criações

Que na parede já não há espaço

Os livros empilhados estão todos rasurados

Os bilhetes estão espalhados na escadaria

Agenda telefônica virou um diário de poesia.

No meu corpo o lembrete:

"Fracos são os que estão só?"

Não esqueça de acrescentar

No próximo poema que deve ser rimado.

Minhas razões penduram-se no abajur

Sentimentos jogados em cima do criado

Histórias se perdem nas prateleiras

Ideias mofando ali no canto

Estrofes perto dos vasos

Criações sentadas nas cadeiras.

São folhas de vários cadernos

Tintas de várias cores

Muitas são as vírgulas e acentos

Entre essa bagunça

Riscos e rascunhos sobre tudo

O tudo que, às vezes, resulta em nada.

Manifesto por todos os lados

Inspirações por todos os cantos

O que seria eu se não tivesse tantas?

Neste recinto de palavras

Eu só paro de escrever

Quando Deus me colocar ponto.

Orleando Rodrigues
Enviado por Orleando Rodrigues em 14/01/2018
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