Beijo solar

Ando com uma sombrinha

Para alimentar meu desejo que chova, amor

Com minhas lentes arranhadas vejo sua ausência de dor

Alguém caminha e corre

Se esforça e torce o pé

Usa a mesma cara lavada

Como se a ninguém causasse dor

Lembro da maciez das suas mãos

Que estendidas me pediram atenção

E que fechadas apunhalou meus olhos até que não fosse capaz de ver a minha própria beleza

Fez-me crer inteira, que jamais faria morada em outro coração

Hoje, me parto como taças de cristais com o resto de um bom vinho apreciado sozinho

Lanço esperança no vento

Peço aos mares que com sua inquietação, arraste para as profundezas a reza pra Iemanjá

Tenho gente minha embaixo da terra

No verde da floresta e no alto mar

Deslizo suavemente meus olhos para outras bocas desejosas do meu beijo solar

Adriane Neves
Enviado por Adriane Neves em 28/03/2018
Reeditado em 02/04/2018
Código do texto: T6293623
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